6.3.09

VOLTANDO AO MUNDO ANIMAL...

HOJE SINTO-ME UM BOCADO URSO
...MAS NÃO É DE PELUCHE!

27.2.09

QUERO PRESTAR UMA HOMENAGEM AOS BURROS

(animais nobres que não têm culpa que a sua denominação esteja interligada à estupidez humana)






VOZES DE BURRO NÃO CHEGAM AO CÉU



Hoje resolvi escrever sobre a burrice...

É uma doença que, muitas vezes também, é conhecida por estupidez crónica ou idiotice chapada.

E porquê este tema? Porque estamos perante uma praga! Porque, ultimamente a minha existência tem sido atacada por gente contaminada por esta doença.

Porque há gente que não se toca!!! Que não se enxerga!!! Gente que teima em "aburrecer-me" constantemente!!!

Nestes últimos dias tem sido por demais a burrice.

Tem-se manifestado sobretudo num indivíduo que acha por bem, à laia de jumento, entrar pela vida dos outros adentro aos coices, zurrando furiosamente.

Um indivíduo tão atacado pela doença que nem consegue perceber quão burro, estúpido e idiota é!

Um indivíduo que se acha no direito de vir pastar onde não pode nem deve. Um indivíduo que, de tão insuflado pela sua própria burrice, nem ouve os "xô burro xô" que lhe gritam todos os dias àquelas orelhas compridas...

Um burro tão burro que se imiscui na vida pessoal dos outros, deixando um rasto nauseabundo de excremento e urina...

E mais... Está tão atacado pela doença, coitado, que zurra furiosamente para se fazer ouvir, mesmo que toda a gente o mande calar!

Pensando bem, coitados somos nós, que temos que levar com ele e com a sua burrice crónica. Dizem que apanhou isto na América... Essa terra de sonhos e de ilusões, mas que também é capaz de fabricar os maiores burros conhecidos à face do planeta.

Devíamos poder recambiá-lo de volta... Interná-lo... Ou então mandá-lo pastar para junto dos da laia dele...

21.2.09

SOFRO DE NÃO DE TE VER


Sofro
de não te ver,
de perder
os teus gestos
leves, lestos,
a tua fala
que o sorriso embala,
a tua alma
límpida, tão calma...

Sofro
de te perder,
durante dias que parecem meses,
durante meses que parecem anos...

Quem vem regar o meu jardim de enganos,
tratar das árvores de tenrinhos ramos?

Saúl Dias, in "Sangue (Inéditos)"

20.2.09

SABER VIVER


Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exacto. E então, pude relaxar.
Hoje sei que isso tem nome... Auto-estima.
Quando me amei de verdade, pude perceber que a minha angústia, o meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra minhas verdades.
Hoje sei que isso é... Autenticidade.
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje chamo isso de... Amadurecimento.
Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.
Hoje sei que o nome disso é... Respeito.
Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável... Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início a minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama... Amor-próprio.
Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projectos megalómanos de futuro. Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é... Simplicidade.
Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter razão e, com isso, errei muito menos vezes.
Hoje descobri a... Humildade.
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o futuro. Agora, mantenho-me no presente, que é onde a vida acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é... Plenitude.
Quando me amei de verdade, percebi que a minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela torna-se uma grande e valiosa aliada.
Tudo isso é... Saber viver!!!

Charles Chaplin

NÓS DOIS



Dois...
Apenas dois.
Dois seres...
Dois objetos patéticos.
Cursos paralelos
Frente a frente...
...Sempre...
...A se olharem...
Pensar talvez:
“Paralelos que se encontram no infinito...”
No entanto sós por enquanto.
Eternamente dois apenas.

PARA A MINHA FLOR OCULTA


A DANÇA

Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
amo-te secretamente, entre a sombra e a alma.
Amo-te como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças ao teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascende da terra.
Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde,
amo-te directamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira.
Se não assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que a tua mão sobre o meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com o meu sonho.

Pablo Neruda

PARA TI

Foi para ti
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada
e para ti foi tudo
Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que talhei
o sabor do sempre
Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente porque era de noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos
vivendo de um só
amando de uma só vida

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"

A MINHA ARTE

À laia de introdução ao tema



Ninguém que não seja um grande escultor ou pintor pode ser um arquitecto. Se não é um escultor ou pintor, apenas pode ser um construtor.
Fonte: "Lectures on Architecture and Painting",
Ruskin , John

Arquitectura é música petrificada.

Goethe , Johann

19.2.09

INVISÍVEL OU TRANSPARENTE?


A Invisibilidade é a Condição para a Elegância
Parece-me que a invisibilidade é a condição para a elegância. A elegância acaba se for notada. Sendo a poesia a elegância por excelência, não sabe ser visível. Então, para que serve?, dir-me-eis. Para nada. Quem a vê? Ninguém. O que a não impede de ser um atentado contra o pudor, e apesar de o seu exibicionismo se exercer entre os cegos. Contenta-se em exprimir uma moral particular. Depois, esta moral particular solta-se sob a forma de obra. Exige que a deixem viver a sua vida. Faz-se pretexto para imensos mal-entendidos que se chamam a glória. A glória é absurda por resultar de um ajuntamento. A multidão cerca um acidente, conta-o a si mesma, inventa-o, perturba-o até se transformar noutro. O belo resulta sempre de um acidente. De uma quebra brutal entre hábitos adquiridos e hábitos a adquirir. Derrota, nauseia. Chega a causar horror. Quando o novo hábito for adquirido, o acidente deixará de ser acidente. Far-se-á clássico e perderá a virtude de choque. Por isso uma obra nunca é compreendida. É admitida. Se não me engano, a observação pertence a Eugène Delacroix: «Nunca se é compreendido, é-se admitido». Matisse repete com frequência esta frase.

Jean Cocteau, in 'Visão Invisível'

TU ÉS O LIVRO DA MINHA VIDA MARTA

A Perturbação do Último Acontecimento
A vida de uma pessoa consiste num conjunto de acontecimentos no qual o último poderia mesmo mudar o sentido de todo o conjunto, não porque conte mais do que os precedentes mas porque, uma vez incluídos na vida, os acontecimentos dispõem-se segundo uma ordem que não é cronológica mas que corresponde a uma arquitectura interna. Uma pessoa, por exemplo, lê na idade madura um livro importante para ela, que a faz dizer: "Como poderia viver sem o ter lido!" e ainda: "Que pena não o ter lido quando era jovem!". Pois bem, estas afirmações não fazem muito sentido, sobretudo a segunda, porque a partir do momento em que ela leu aquele livro, a sua vida torna-se a vida de uma pessoa que leu aquele livro, e pouco importa que o tenha lido cedo ou tarde, porque até a vida que precede a leitura assume agora uma forma marcada por aquela leitura.

Italo Calvino, in "Palomar"

PEQUENA INTRODUÇÃO PARA ESTE BLOG HOJE INICIADO

A Dúvida, a Solidão, logo... a Escrita

Na vida, chega um momento - e penso que ele é fatal - ao qual não é possível escapar, em que tudo é posto em causa: o casamento, os amigos, sobretudo os amigos do casal. Tudo menos a criança. A criança nunca é posta em dúvida. E essa dúvida cresce à sua volta. Essa dúvida, está só, é a da solidão. Nasce dela, da solidão. Podemos já nomear a palavra. Creio que há muita gente que não poderia suportar o que aqui digo, que fugiria. Talvez seja por essa razão que nem todos os homens são escritores. Sim. Essa é a diferença. Essa é a verdade. Mais nada. A dúvida é escrever. É, portanto, também, o escritor. E com o escritor todo o mundo escreve. É algo que sempre se soube. Creio também que sem esta dúvida primeira do gesto em direcção à escrita não existe solidão. Nunca ninguém escreveu a duas vozes. Foi possível cantar a duas vozes, ou fazer música também, e jogar ténis, mas escrever, não. Nunca.
Marguerite Duras, in "Escrever"

TEMPO e EXPERIÊNCIA

A noção de experiência é complexa. Todo o espaço é de vidro - um vidro que não parte por fora mas parte por dentro. Estamos sempre a esbarrar com invisíveis barreiras. O que ele revela não é precisamente o que queremos saber. E se tivermos os olhos abertos até ao fim: vemos o quê? Como o espaço, o tempo não revela nada de especial. Só percursos. Folhas de uma agenda descartável. A curva da vida de que fala Homero revela que a nossa existência é uma rápida passagem pelo mundo em efeito Doppler.
Ana Hatherly, in 'Tisanas'

EFEITO DOPPLER



O efeito Doppler é uma característica observada nas ondas quando emitidas ou reflectidas por um objecto que está em movimento com relação ao observador. Foi-lhe atribuído esse nome em homenagem a Johann Christian Andreas Doppler, que o descreveu teoricamente pela primeira vez em 1842. A primeira comprovação foi obtida pelo cientista alemão Christoph B. Ballot, em 1845, numa experiência com ondas sonoras.
Em ondas eletromagnéticas, esse mesmo fenómeno foi descoberto de maneira independente, em
1848, pelo francês Hippolyte Fizeau. Por esse motivo, o efeito Doppler também é chamado efeito Doppler-Fizeau.

Características
O
comprimento de onda observado é maior ou menor conforme a sua fonte se afaste ou se aproxime do observador.
No caso de aproximação, a
frequência aparente da onda recebida pelo observador fica maior que a frequência emitida. Ao contrário, no caso de afastamento, a frequência aparente diminui.
Um exemplo típico é o caso de uma ambulância com sirene ligada que passe por um observador. Ao aproximar-se, o som é mais
agudo e ao afastar-se, o som é mais grave. De modo análogo, ao circular numa estrada, o ruído do motor de um automóvel que vem em sentido contrário apresenta-se mais agudo enquanto se aproxima, e mais grave a partir do momento em que se afasta (após cruzar com o observador).
Nas
ondas luminosas este fenómeno é observável quando a fonte e o observador se afastam ou se aproximam com grande velocidade relativa. Neste caso, o espectro da luz recebida apresenta desvio para o vermelho (quando se afastam) e desvio para o violeta (quando se aproximam).

Medição de velocidades
O efeito Doppler permite a medição da velocidade de objectos através da reflexão de ondas emitidas pelo próprio equipamento de medição, que podem ser
radares, baseados em radiofrequência, ou lasers, que utilizam frequências luminosas.
Muito utilizado para medir a velocidade de automóveis, aviões, bolas de ténis e qualquer outro objeto que cause reflexão, como, na
Mecânica dos fluidos e na Hidráulica, em partículas sólidas dentro de um fluido em escoamento.
Em
astronomia, permite a medição da velocidade relativa das estrelas e outros objectos celestes luminosos em relação à Terra. Essas medições permitiram aos astrónomos concluir que o universo está em expansão, pois quanto maior a distância desses objetos, maior o desvio para o vermelho observado.
Na
medicina, um ecocardiograma utiliza este efeito para medir a direção e velocidade do fluxo sanguíneo ou do tecido cardíaco.
O efeito Doppler é de extrema importância quando se está comunicando a partir de objectos em rápido movimento, como no caso dos
satélites.